O projeto CURA nasceu da experiência de acompanhar meu pai em uma série de internações. Repetições, tédio e insônia se converteram em imagens. Um verdadeiro refúgio para a alma e ferramenta poderosa para lidar com o meu pânico de hospitais somado ao medo constante de perder meu pai. 

Hospital é lugar de cura, mas meu olhar sempre se direcionava para as estranhezas, para os elementos que, ao meu ver, não deveriam estar ali e que me traziam mais dor e pensamentos de morte.

Memórias e alucinações se misturavam com as representações da fé e do medo.

Tempo de muitas orações, lágrimas e inquietações sobre legado, ancestralidade e vida.  Imagens furtivas e anacrônicas que evocaram subjetividade e promoveram profundas reflexões sobre o eterno e o efêmero. 

Não se trata de uma homenagem ou uma despedida. As fotografias passaram por um processo de cura antes da publicação. Foram cerca de 6 anos de congelamento em nuvem e maturação digital, para hoje, emergirem com recordações de uma experiência que nunca mais quero viver.